A sexta-feira 13, tida pelo senso comum como dia de azar, foi sinônimo de sucesso para o lançamento do Livro Filosofia(s), no Salão Nobre do Bloco G da UNIDAVI, Campus Rio do Sul. As comunidades acadêmica e regional prestigiaram o evento que apresentou o segundo livro da Série Cadernos UNIDAVI e consolidou o trabalho realizado pelos professores Jean Segata e Nivaldo Machado, organizadores da Série.
O livro Filosofia(s) traz debates contemporâneos sobre o estudo da filosofia em diversas áreas como matemática, religião, antropologia, psicologia e linguagem. Na noite de autógrafos, o professor Jean Segata enfatizou a importância da Série Cadernos UNIDAVI para a consolidação da instituição, já que constituiu o tripé: ensino, pesquisa e extensão. O professor Nivaldo Machado também salientou a satisfação em oferecer ao público, mais uma obra de qualidade e de refinado embasamento teórico e com temas que hoje são bastante discutidos no campo da filosofia.
O que estuda a Filosofia?
O professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e autor do capítulo “Filosofia, Conhecimento e Religião”, Alexandre Meyer Luz, esteve presente no evento e abordou alguns aspectos importantes sobre o que é e o que estuda a filosofia. Como afirma Luz, que é doutor em Filosofia, é difícil encontrar uma definição para o termo, sobretudo porque a filosofia não é uma “coisa”. Muitos têm uma visão distorcida deste campo de investigação e acreditam que ele busca encontrar o sentido da vida.
Como explica Luz, há muito tempo a filosofia deixou de ser uma disciplina meramente especulativa. Hoje em dia ela está estritamente ligada a campos científicos, como é o caso da Filosofia da Mente, uma área interdisciplinar que discute as bases teóricas de diversos campos do saber como Inteligência Artificial e Neurociência. Para Luz, a filosofia precisa dialogar com outras disciplinas. Filósofos e cientistas precisam se comunicar. “A mente continua sendo um problema conceitual. Mas não é mais possível responder a essa questão sem a contribuição do campo científico”, complementa.
Além de estar voltada ao estudo da mente, a filosofia também possui vertentes que se dedicam à história da disciplina, a questões ligadas ao conhecimento, e uma vertente que pertence aos céticos. Assim, a filosofia se constitui como um grande guarda-chuva com aplicações em diversas áreas do saber. Com sarcasmo, inteligência e simplicidade, o professor Alexandre Meyer Luz deu uma pequena mostra de como a filosofia pode ser fascinante e envolvente.
Texto e fotos: Rafaela Sandrini
Conceituar Filosofia parace ser uma daquelas tarefas que nunca terminam!
ResponderExcluirMas, particularmente, gostei muito da proposta apresentada pelo Prof. Alexandre Meyer Luz...
Podemos categorizar, em nível geral, quatro "tipos" de Filósofos:
a) Os que se dedicam, mediante o uso de ferramental apropriado, a tratar de questões eminentemente filosóficas (como é o caso da Epistemologia em geral);
b) Os que possuem uma grande aproximação com a primeira proposta, todavia, trabalham diretamente em conjunto com a(s) Ciência(s) - como é o caso da Filosofia da Mente;
c) Os que se dedicam a estudar os feitos dos grandes Pensadores da História da Humanidade;
d) Os Céticos - em todas as suas variações...
Infelizmente, o que encontramos muito é um uso ABSOLUTAMENTE equivocado da área do saber chamada Filosofia. Normalmente de modo despreocupado e aproximando-a a um mundo fantástico repleto de creças mitologizadas e poéticas...
Os questionamentos filosóficos, sejam provindos de quaisquer áreas
ResponderExcluirde conhecimento apenas agregam alternativas para a complexidade/diversidade natural.
Averiguar conceitos de naturalidade... Já é questão filosófica...
Muito bom.
ResponderExcluirAbraços Daniela Tamanini
de modo geral também gostei muito da conceituação do prof. Alexandre quanto a Filosofia...de modo que não caímos em uma conceituação limitadora da filosofia, e por outro lado também não em uma conceituação poética/relativista. Me agrada muito até o presente momento a ideia naturalista segundo a qual a Filosofia deve caminhar junto da ciência, imputando-se do papel de fórum debatedor dos limites da mesma.
ResponderExcluirPara muitos autores, destacando aqui Daniel Dennett, não podemos mais fugir deste modo de fazer Filosofia, não há mais lugar para o Filósofo de poltrona...
Doravante, cabe a nós o papel de deixar o mais claro possível (se é que é possível) ao público em geral o que NÃO É a Filosofia, tendo em vista a grande quantidades de casos desse tipo em nosso dia-a-dia.
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ResponderExcluirObrigado.
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Filosofia, ao meu ver, é a atividade do conhecimento, de conhecer. Conhecimento produzido numa coletividade. Conhecimento do tipo ocidental. Conhecimento que tem história em desenvolvimento e que nessa história vemos diferentes preocupações surgirem em diferentes épocas.
ResponderExcluirCreio que a afirmação de que a Filosofia tenha que andar lado a lado com a ciência é redundante, pois a Filosofia sempre tematizou o conhecimento de seu próprio tempo. A própria ciência moderna nasceu - e só pode nascer assim - em perspectiva à tradição da filosofia racionalista. E mais a diante e por causa mesmo da consolidação da ciência moderna a própria Filosofia vem passando por crises de identidade. E não é esse o tema de que estamos falando? A ciência antes de ajudar a definir a filosofia colocou muitos desafios de legitimação da atividade filosófica.
A Filosofia sempre se ocupou do conhecimento e vem fazendo isso em toda a sua história. Não será diferente agora. No entanto, ao meu ver, o seu campo de conhecimento não se restringe à regularização ou aos conteúdos da ciência.
A atividade filosófica pode estar presente aonde houver alguém utilizando a linguagem: na arte, na religião, na ciência, na vida ordinária, etc. Firmar o compromisso da filosofia com a ciência parece ser apenas um sinal de falta de "auto-estima" nela mesma, ou seja, tentar legitimar a sua atividade no compromisso com outra.
Afinal de contas: qual ciência a Filosofia deve firmar o seu compromisso? A própria Filosofia tem um elemento cosmológico de tornar coerente nossa visão de mundo. E a nossa visão de mundo já se transformou várias vezes e ainda está sujeita à nova transformação. A própria noção de ciência pode mudar e se não admitirmos isso perderemos um elemento poderoso do pensamento: a crítica ao "status quo".
Um abraço a todos.
Bruno.