1 de setembro de 2009

Darwin e a Seleção Natural

Ao tentar explicar o motivo da diversidade de organismos existentes, Charles Darwin chamou de Seleção Natural, em “A origem das Espécies” a maneira pela qual a natureza desenvolve as variações necessárias a manutenção e reprodução dos seres vivos no ambiente. Essas variações, com o decorrer do tempo formariam novas espécies. Mas até que ponto Darwin contribuiu para explicar o que somos nós, humanos? Qual a herança intelectual que permeia a continuidade da observação de sua obra?

No séc. XIX não havia estudos referentes a Genética, ela sequer era conhecida. A teoria de Lamarck (Geração espontânea) era a aceita. Darwin supunha que as variações entre as espécies estavam ligadas as mudanças nos sistemas reprodutivos de machos e fêmeas. Expôs que caracteres dos pais estavam nos filhos, e estes apresentavam fatores que oscilavam entre as características dos pais.

O termo Evolucionismo surgiu mais tarde se referindo as transformações acontecidas nas espécies ao longo do tempo, e está envolvido nos mais avançados estudos sobre a mente no campo filosófico/científico atuais.

Steven Pinker, propondo a Engenharia Reversa da Psique, argumenta que a mente é um sistema de órgãos de computação projetados pela Seleção Natural, para resolver os problemas de nossos ancestrais coletores de alimentos. Ele faz uso das idéias de Darwin quanto a apresentação da evolução dos replicadores ao longo do tempo, como a responsável pela formação de organismos complexos.

Explica a plasticidade cerebral como inclusa em nossa programação, hábil a reagir às variáveis ambientais. A proposta de Pinker configura o Neodarwinismo, e contribui com os estudos da Psicologia Evolucionista.

Daniel Dennett apresenta uma visão algorítmica que serve a Teoria da Evolução. Por dedução se observaria que se uma classe de algoritmos é possível, logo, se poderia aguardar por possíveis resultados. Como algoritmos configurariam a reprodução genética, a variabilidade genética, além da seleção natural, objetivariam a adaptação do organismo ao meio. No entanto, o genótipo instruiria o fenótipo, e não o determinaria.

As idéias de Darwin estão intrínsecas na obra destes e de outros pesquisadores respeitados. Ele manteve idéias epistemológicas da tradição corrente em sua época, e seus estudos unem-se as descobertas atuais da Neurociência e Ciência Cognitiva. Todavia, as questões da Filosofia da mente continuam. Por mais proposições plausíveis de observação que tenhamos, ainda há muito por ser decifrado.

Como lembra Eric Matthews, ainda questionamos: Porque pensamos sobre as coisas, refletimos sobre nossa existência, mudamos nossas ações a luz da reflexão?Por que planejamos, organizamos nossas vidas, controlamos emoções e desejos?Somos assim por termos mente? O que é ter uma mente?

Isso é o que ainda não está explicado, é o que Darwin embora tenha deixado uma ampla fundamentação para pesquisas atuais, não explicou com a Teoria da Seleção Natural, e que instiga Filosofia ocidental a analisar com cautela os dados pertinentes da Filosofia da Ciência. Tudo para que não hajam idéias falseadas em prol de qualquer ideologia. Para que haja sim a honestidade intelectual condizente com o avanço científico, e consequentemente com maior conhecimento humano a respeito dele mesmo.

Texto de Maríndia Colla
Edição de Rafaela Sandrini

11 comentários:

  1. A reflexão filosófica sobre a obra de Darwin nos últimos anos está servindo para depurar uma gama muito grande de questões que normalmente passaram sem ser notadas por diversos cientistas.

    O Livro do Dennett: A Perigosa Idéia de Darwin - é muito interessante para auxiliar quem pretende se aventurar por este tipo de trabalho.

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  2. Olá, Maríndia!
    Obrigado pela visita e por me fazer conhecer o blog de seu grupo.
    Já está entre meus favoritos!
    Abs!

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  3. Parabens Marindia pelo artigo...
    apesar coplexidade das reflexões sobre a mente e o cerebro humano, conseguistes transmitir de maneira clara e acessível, algumas das idéias centrais que tem pesquisado neste mais de um ano e meio de estudo e de uma dedicação apaixonada a Filosofia da Mente.

    Abraços...

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  4. Desde muito antes da época de Erasmus Darwin (avó de Charles Darwin) tivemos grandes contribuições para o avanço da ciência e entendimento das espécies animais e humanas.
    Darwin não foi apenas um naturalista científico, ele produziu inúmeras pesquisas etnográficas, observou padrões comportamentais e pode a partir disto, fazer inferências sobre as espécies até hoje sobreviventes.
    Sua contribuição não permeia apenas o avanço nas ciências naturais, mas também aos estudos que permeiam desde a Biologia, Neurociência, Psicologia e Ciência Cognitiva, até nossos estudos de Filosofia da Mente uma vez tenta nos ajudar na compreensão de uma questão fundamental: afinal, o que nos faz humanos? o que é a mente e como é ter uma mente? Questões que ainda levarão alguns anos para serem clarificadas, embora o esforço não seja em vão.
    Podemos dizer que os estudos de Darwin e de seus sucessores como Pinker são provas de que muito há o que descobrir.
    Fazendo um parêntese, acredito que as idéias darwinistas nos ajudam a entender como a adaptação ao meio é importante para a sobrevivência. Enquanto que nossos ancestrais tinham de se preocupar em sobreviver frente às ameaças e perigos reais como escapar de seu predador para não ser devorado, hoje nos deparamos com uma sociedade vivendo em completo caos: tecnologia que avança a cada dia, ansiedades e estresses cotidianamente vividos, pressões do meio para maior produtividade no trabalho, enfim.
    Afinal, o que nos fará sobreviver?

    Abraços!

    Luciane

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  5. Marcos,

    Visitei seu blog.... MUITO BOM! Principalmente gostei de saber que você também é leitor de Daniel C. Dennett!

    Bom vê-lo por aqui!

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  6. Lu,

    O que nos fará sobreviver?!?!

    simples.... ADAPTAÇÃO!


    ;)

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  7. muito bom essa sua reflexão. pois mostra algumas coisas que a evolução demonstra mas não sabemos como explicar. penso que a evolução mental deriva de vários fatores desde a adaptação de ambiente e situções desfavoráveis, até mesmo situações de combinações. a mente por mais que com os anos ela venha adquirindo por meio biológico fatores que possibilitam a nossa sobrevivência, não sabemos como esses fatores a influenciam. talvez seja por fatores de criação já que como Maquiável fala em sua obra "Que os homens deveriam aprender com os erros dos seus antepassados para corrigir os erros futuros", ou seja na minha visão a mente associa erros em que aconteceram com os nossos ancestrais , porém ela os transformas em várias outras variáveis para que se possibilite ver onde o eer está e não comete-lo novamente.
    Mas seu pensamento sobre Darwin é excelente e esclarecedor

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  8. Ótimo Maríndia!

    O impacto de Darwin na filosofia e na ciência foi justamente o tema do VI Simpósio Principia. Vale a pena conferir o caderno de resusmos do evento.

    Abraços.

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  9. PARABÉNS!!!!!!!!!!!!!!

    Muito Bom!!!!

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  10. Obrigada a todos!

    Quero agradecer a todos pela atenção e colaboração com seus comentários a respeito deste tópico. Especialmente agradeço as averiguações sempre precisas de Nina, e a ajuda de Rafaela, com sua atuação sempre ressaltante nos trabalhos pelo grupo propostos.

    De fato parecemos concordar que há ainda muito a ser averiguado para termos um conceito de natureza humana. Todavia se tornam inegáveis os fatores interdisciplinares dos estudos pertinentes a respeito, os quais estão sendo evidenciados nas investigações atuais.

    Contudo, é preciso mencionar que para termos os estudos direcionados de maneira eficaz precisamos optar por um direcionamento científico claro, para assim pontuar os resultados com a tranquilidade necessária para se continuar avançando neste sentido.

    Para isso continuemos nós com as pesquisas científicas, sempre atentos a reflexão epistemológica necessária a respeito.

    Abraços!

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