Nivaldo Machado[1]
A consciência é um elemento que interage com problemas
estudados numa gama vasta de elaborações teóricas, entretanto, sua justificação
conceitual ainda se encontra bastante carente de melhor elaboração. Nota-se
claramente a falta de cautela conceitual quando se atribui lugar especial à
consciência (em expressões como: “conscientização”, “falta de consciência”,
“consciência de classe”, “ cidadãos conscientes”, “estar consciente dos meus
atos”, ...). Nossa proposta é: a) investigar o pluralismo epistemológico
searleano como sendo suficiente para
demarcar um âmbito válido para a consciência; b) apresentar a estrutura da consciência
e da possibilidade de replicação/simulação em ambiente artificial; c) analisar
o argumento do Quarto Chinês para discutir da possibilidade de superação
das elaborações teóricas propostas pela
Inteligência Artificial Forte, pelo Materialismo e pelo Dualismo.
Outra referência importante para o problema quem nos mostra é
o prêmio Nobel de medicina Jean Jacques Monod, que, no seu livro “O acaso e a necessidade”, comenta:
“Tal uma máquina, todo organismo, inclusive o mais “simples”, constitui uma
unidade funcional coerente e integrada [...]; [todo] organismo é uma máquina
que se constrói a si mesmo. Sua estrutura macroscópica não lhe é imposta pela
intervenção de forças exteriores. Ela se constitui de modo autônomo, graças a
interações constitutivas internas” (1989, pp. 57-58). Mas será a mente o
elemento através do qual os atos intencionais do cérebro encontram seu
fundamento real? Podemos notar que na
proposta searleana, qualquer teoria da
mente, deva reconhecer a realidade da
intencionalidade criada nos processos cerebrais. A intencionalidade é, entre
outras coisas, a propriedade de nossas crenças e desejos de serem referentes a
alguma coisa, de serem acerca dessa coisa. Em suma, os critérios estruturais da
consciência são:
1- A consciência possui uma subjetividade ontológica.
2- A consciência se dá de modo unificado.
3- A consciência é o elemento através do qual temos acesso a
um mundo diverso dos nossos próprios estados conscientes: os critérios que
denotam esta capacidade são a volição e a cognição.
4- A consciência nos vem sempre em um determinado estado de humor e, que a variação deste humor é sempre experimentada pela minha
consciência.
5- Os estados conscientes ocorrem de modo sempre
estruturados: nossa capacidade perceptiva possui uma tendência a dar ordem,
significância e coerência lógica aos eventos percebidos.
6- A consciência possui graus variados de atenção.
7- Os estados conscientes possuem um sentido de sua própria
situação.
8- As experiências conscientes variam em graus de
familiaridade.
9- A consciência é
transbordante: cada experiência consciente que tenho nunca vem só, ela
sempre se prolonga para além de si, ou seja, quando olho algo sempre o
experiencio dentro de minha experiência prévia, contextualizada.
Meus amigos, este breve texto fora embasado em meus estudos
realizados durante o mestrado, um pouco no doutorado e gostaria de voltar agora
a me dedicar com mais afinco ao estudo da Consciência. Ou melhor, tentar sair
um pouco mais da visão da Consciência como algo totalmente misterioso para
algo, pelo menos, passível de problematização.
[1]
Professor Doutor em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar.
Coordenador do Grupo de Pesquisa em Filosofia da Mente e Ciências Cognitivas.
Boa tarde, tenho apenas uma dúvida, o que seria subjetividade ontológica?
ResponderExcluirBoa tarde prof. Nivaldo,
ResponderExcluirlendo este seu texto fiquei interessado no seu trabalho. Você poderia me indicar algumas de suas publicações acadêmicas sobre o tema para que eu possa estudar com mais cuidado a problemática exposta ao longo de seu texto?
Confesso que não tenho visto em português material acadêmico sério sobre esta problemática.
Aguardo as indicações de seus trabalhos.
Com os melhores cumprimentos,
Carlos M.
Carlos,
ResponderExcluirTenho publicado alguma coisa nos últimos anos nesta área. Creio que o livro Filosofia(s) e o Livro ENTRE O FILÓSOFO E O CIENTISTA POSSAM SER INTERESSANTES...(este segundo livro estará saindo uma segunda edição já no início de 2014). Tenho também um livro mais introdutório (pelo menos nos primeiros capítulos) da coleção VOCÊ SABE... FILOSOFIA DA MENTE.
Qualquer outra informação é só entrar em contato...
abraço!
A parte que se refere "A intencionalidade é, entre outras coisas, a propriedade de nossas crenças e desejos de serem referentes a alguma coisa, de serem acerca dessa coisa", me remete as aulas de fenomenologia a respeito da consciência de, ou seja da consciência intencional. Os trabalhos de Husserl podem contribuir nesse ponto, já que nós traz um conveniente conceito á respeito: intencionalidade como uma "particularidade intrínseca e geral que a consciência tem de ser consciência de qualquer coisa, de trazer, na sua qualidade de cogito de si próprio", (HUSSERL, 2001, p.8 apud SILVA). Em meu ponto de vista essa investigação no campo da fenomenologia pode vir a render bons frutos ainda, já que remete a discussões profundas e coerentes à respeito do tema. Sem mais delongas, quero deixar meus parabéns pelo seu trabalho Nivaldo, uma vez que abrange um tema tão complexo e encoberto por incógnitas, dando ênfase a sua necessidade de estudos sérios devido ao seu grau de importância.
ResponderExcluirA teoria da Intencionalidade se propõe, entre outras coisas, a estabelecer uma posição sobre o problema mente-cérebro frente a correntes como o fisicalismo. A mente, segundo a teoria, lida com uma representação geral da realidade e com estados de coisas contidos nessa realidade, categorias representativas que não podem ser eliminadas mesmo que se analise o cérebro do ponto de vista bio-quimico mais fundamental. As condições de satisfação de cada estado intencional são irredutíveis a outras dimensões científicas.
ResponderExcluirEmbora isso seja uma proposta importante, a teoria sofre uma limitação comum a outras teorias baseadas no pressuposto de que a concepção da realidade é formada a partir de articulações entre representações. A teoria não consegue explicar como um sistema representativo pode se incluir na própria concepção que estabelece da realidade, e por isso falha, como explica o Professor João Teixeira, em incluir o elemento extra-representativo que une a representação ao mundo exterior. Isso ocorre porque todo estado intencional é aspectual, mas para que algo seja sabido como sendo um aspecto possível, é preciso se partir de uma dimensão não-aspectual para uma aspectual. Como o Searle afirma, todo estado intencional é aspectual, e assim, por mais estados que se acrescentem, o resultado será também sempre aspectual.
Vitor,
ResponderExcluirSejas bem vindo e suas contribuições sempre podem acrescer muito a este espeço de divulgação e discussão aberta acerca de temáticas da Filosofia da Mente e áreas afins.
Já tive grandes conversas com o meu amigo João Teixeira...e, em comum com ele, admito que cheguei a um ponto que as abordagens adeptas ao uso das REPRESENTAÇÕES muito me incomodam. A carga Husserliana parece mesmo povoar muito seus adeptos (não sou um grande admirador de Husserl não!).
Também o próprio Searle não parece conseguir fugir do uso de uma certa epoché disfarçada. Seu pluralismo epistemológico, a meu ver, é muito mais uma forma de não enfrentar diretamente a briga entre dualistas e materialistas do que o enfrentamento do problema...
... mas, vamos conversando...
Everton,
O uso da expressão SUBJETIVIDADE ONTOLÓGICA aqui esta querendo indicar que existe uma realidade que é subjetiva. Que existe, de fato, uma realidade que é subjetiva e de primeira pessoa...OK!
Natanna,
ResponderExcluirVocê sempre exagerando em seus elogios... O texto é muito provocativo e espero que possam brigar com ele (e até comigo... pois até que já não posso mais me ver ante ao espelho!!! kkk)
E como sei que você estuda no mundo da Psicologia... creio que a psicologia no Brasil como um todo pudesse se dedicar com um pouco mais de carinho às discussões fundamentais de suas bases teóricas do que ser apenas (como ocorre em muitos casos) uma mera aplicadora de testes ou algum tipo de campo divino que resolve todos os problemas do mundo! Sei que minha crítica é pesada, mas, por vezes várias, fico triste com o tratamento desrespeitoso que os próprios psicólogos dão ao seu próprio âmbito de atividade (é claro, não estou aqui me referindo aos psicólogos sérios que tentam fazer desta área magnífica do conhecimento um trabalho sério!)...
Sei que este texto só fornece um panorama geral daquilo que você estuda, Nivaldo Machado, e talvez por isso não tenha ficado claro, ao menos para mim, de que maneira a consciência pode ser o “elemento através do qual temos acesso a um mundo diverso dos nossos próprios estados conscientes”. Deixo aqui minhas dúvidas:
ResponderExcluira) Como temos acesso a um mundo diverso dos nossos próprios estados conscientes?
b) Se o mundo que acessamos é diverso dos nossos estados conscientes, então é um mundo de estados não-conscientes?
c) Se o mundo que acesso pela consciência é diverso dos estados conscientes, então imagino que não seja um mundo consciente, caso contrário seria um mundo não-diverso de estados conscientes. Se não é consciente, então como posso estar consciente de que estou em um mundo não-consciente?
d) Como posso saber que acessei esse mundo se tenho que estar consciente no mundo dos meus estados conscientes para supor/saber que tenho acesso consciente a esse mundo não-consciente?
e) Como posso ter acesso consciente a um mundo não-consciente? Ou como posso conscientemente acessar um mundo de estados não-conscientes?
Mickhael,
ResponderExcluirEu juro que chego a ter medo de você!
Ainda bem que somos amigos... pois se amigos fazem perguntas destas... não posso sonhar em momento algum em tê-lo como inimigo!!! Tenhas pena de mim!!!
Mas, não vou aqui responder todas as tuas PEQUENAS questões... meu objetivo é muito mais de propiciar que pessoas de áreas diversas interessadas pela temática possam contribuir das mais diversas formas.... OK!
Assim sendo, antes de responder (se é que eu consigo isso) tuas arguições vou antes tentar deixar claro o entendimento de alguns elementos que venham a ser interessantes para que possamos progredir com mais segurança (creio que o Elizeu deve estar achando que eu virei um cartesiano.. kkk):
i) Sou um realista;
ii) Sou um monista materialista;
iii) creia que o critério pragmático possa ser um bom critério para assegurar que tais e tais teses sejam interessantes;
iv) quem acompanha meus estudos a mais tempo já sabe muito bem do quão acho interessante o uso de Ficções Úteis para possibilitar o processo comunicacional;
v) Gosto muito de entender as discussões acerca do Internalismo e do Externalismo apenas como referenciais, e não como instância ontologicamente distintas;
vi) Certamente o Problema da Consciência é um dos mais difíceis problemas da Filosofia da Mente... talvez da própria filosofia;
vii) As recentes discussões em Neurofilosofia também encontram no tratamento do problema da consciência elementos de fundamental importância para suas teses;
viii) Desde já afirmo que sou um filósofo absolutamente preocupado com os feitos científicos e que não promovo um cisão demarcatória tão evidente entre estes dois âmbitos do saber como fazem muito filósofos e cientistas.
Acho que agora podemos caminhar mais um pouco.. .
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAUSHAUSAUSAU Confesse Nivaldo, você jamais irá abandonar Descartes!
ResponderExcluirEm um texto que tenha como escopo a consciência é notória a dificuldade em se estabelecer qualquer tipo de conceituação ou definição. Portanto, partilho da opinião do autor (não querendo fugir da batalha)de que deve-se ter uma "preocupação" em relação as diversas formas que empregamos, muitas vezes de maneira equivocada, a palavra consciência.
Com um rápida pesquisa, encontramos o termo consciência empregado nos mais diversos âmbitos e situações. Contudo, no âmbito da filosofia da mente, talvez o mais correto para se tratar de tal tema, acredito que são válidas as contribuições de Descartes, legadas por suas obras Discurso do Método e Meditações Metafísicas, quando faz a cisão substancial entre mente e corpo (res cogitans e res extensa). Acredito que, as fazer tal cisão, Descartes intuitivamente separa a consciência do mundo exterior. Com isso, ele retira toda a capacidade de dependência de nossa consciência/mente das coisas materiais/físicas.
É nesse ponto que a argumentação dualista cartesiana se torna radical a ponto de Descartes conseguir duvidar de todo aquilo que o cerca no mundo exterior sem, contudo, duvidar da própria consciência, haja vista que a sua consciência dependeria exclusivamente da própria mente.
Para deixar a idéia de Descartes mais clara, David Kelley em sua tese de Doutorado faz a seguinte analogia:
"Imagine que a sua mente seja como uma espécie de projetor de cinema. O feixe de luz que ele projeta é um atributo essencial do próprio projetor. Sem tal feixe, não é possível a existência de um projetor (aqui e feixe de luz é algo semelhante a consciência). Aquilo que se passar na tela será fruto dos objetos da nossa própria consciência. Porém, o projetor não é uma simples lanterna que ilumina objetos independentes dela mesma. O projetor contém um feixe de luz (consciência) que cria e constitui as imagens que o projetor cria. Desse modo, os objetos que aparecem na tela existem apenas “dentro” da luz. Apagando-se essa luz, os objetos deixariam de existir."¹
Não sei se ficou clara a argumentação. Acho que essa foi a postagem que eu mais utilizei caracteres.. AUSHAUSAHSUAHSUA
Peço desculpas caso existam erros e peço que os corrijam e os evidenciem.
¹Cf. David Kelly, The Evidence of the Senses: A Realist Theory of Perception (Louisiana State University Press, Baton Rouge, 1986), p.10.
CONSCIÊNCIA: A PEDRA ANGULAR ENTRE A FILOSOFIA DA MENTE E A CIÊNCIA DO CÉREBRO
ResponderExcluirMas será a mente o elemento através do qual os atos intencionais do cérebro encontram seu fundamento real? R- Certamente que sim, em seu texto final, o Senhor ( Nivaldo) mensiona, a frase“ passível de problematização”, é certamente a consciência marcada por campo delimitado onde permite-se trata-la oposta-“mente”, a algo misterioso. A mente recebe cargas de funçoes elétricas através dos hormônios. Por exemplo : O coração é responsável pela regulaçao e manutençao do ciclo cartesiano, e é este que terá implicaçôes intensionais no bombeamento de todo o sistema circulatório, chegando até a atingir a região do cortex cerebral, ou toda a memória. Estes dados enviados ao comando principal, que é o SNC, ( sistema nervoso central), pode receber e reenviar novamente em troca de sinais elétricos, comportamentos perfeitamente e plenamente interpretados como bioquímicos ou hormonais, sendo passível de muitíssimas abordagens que fazem da Consciência algo muito menos misterioso.
Edson Stofela.
Edson.
ResponderExcluirSuas colocações têm fundamento, mas por não se aceitar uma soluçao dualista, isso não significa que a Consciencia deixe de ser ainda um grande problema científico.
A consciencia não é de forma alguma um tema fácil; é um problema de ordem abstrata, que transcende em muito a descrição do cérebro em termos bioqúimicos. Existem muitos problemas teóricos e conceituais importantes que não se resolvem simplesmente porque se avançou em algum campo da qúimica ou da física.
Hume, por exemplo, justificava o seu ceticismo quanto à nosso conhecimento da "causalidade", argumentando, entre outras coisas, sobre o desconhecimento que existia à época das forças que levam da intenção de fazer um movimento ao movimento corporal em si. Hoje se conhece muito bem esse mecanismo, que é determinado pela condutividade elétrica disparada pelo cérebro e conduzida pelos nervos aos músculos.
Ironicamente, o problema da causalidade de Hume, sobre o qual Popper baseou toda a sua teoria da ciência, permanece como um problema legítimo, e um verdadeiro desafio ao nosso conhecimento. É culpa de Hume que a teoria das cordas não é ainda considerada científica, e sim, um construto teórico interessante.
Edson,
ResponderExcluirSeja muito bem vindo ao grupo de pesquisa!
Boas discussões!
Ok, Muito obrigada, Sr. Nivaldo. Espero conhecer e dirigir meus cumprimentos pessoalmente a todos do seu grupo de pesquisas, da Filosofia da Mente e Ciências Cognitivas.
ResponderExcluirEdson Stofela
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBoa tarde, Blog muito interessante professor, muito bom, passarei a ler sempre que puder
ResponderExcluirBom dia Professor,
ResponderExcluirNossas emoções (e muitas vezes determinadas ações) se dão pelo estado emocional da nossa consciencia? Fiquei intrigado com as conclusões citadas.
Um abraço!
Professor, parabéns pela postagem que de forma rápida e objetiva proporcionou um desejo meu de pesquisar com mais afinco o tema consciência. Mesmo não sendo um expert no assunto queria lhe perguntar, dê que maneira o inconsciente estabelece contato com a consciência? Sobre os critérios estruturais, o inconsciente pode produzir essas experiências de forma “fictícia” e ainda sim criar sofisma de “consciente” sobre a mente?
ResponderExcluirParabéns professor Nivaldo, muito interessante seu trabalho tanto na obra "Direito e Justiça: Reflexões", quanto nos trabalhos desenvolvidos e publicados no seu blog. Aprecio e parabenizo por tanto tempo dedicado ao estudo para o desenvolvimento de textos tão apurados e técnicos, que valem ouro para a formação de profissionais do direito e também de outras áreas.
ResponderExcluirTexto muito provocativo! Isso é ótimo!
ResponderExcluirPrimeiro gostaria de reforçar a crítica do Prof. Nivaldo sobre a Psicologia por aqui. Eu também sou estudante da área, e fico bem incomodado com várias das teorias. É uma verdadeira miscelânea de concepções em uma única teoria. Essa despreocupação com os aspectos básicos da pesquisa e dos conceitos fazem a área perder muita coisa. Eu percebo que às vezes, em aula, eu questiono certas coisas que os profs e alunos parecem nem entender onde quero chegar exatamente por essa falta de preocupação com os conceitos em seus níveis básicos. Claro, numa graduação em psicologia não pode-se abordar o mesmo conteúdo de uma disciplina de filosofia da mente, mas alguma coisa deve ter!
Às vezes eu vejo que os alunos se declaram implicitamente como fisicalistas, mas a concepção deles de mente é totalmente enviesada para o dualismo cartesiano, com a postulação de uma mente que parece só em teoria estar relacionada ao cérebro, mas na prática parecem todos dualistas.
O outro comentários diz respeito ao representacionismo. Acho que, de fato, ele nos salva de vários argumentos dualistas, mas mesmo assim o representacionismo me incomoda. Aliás, assim como essa coisa da intencionalidade de Searle. São teorias fisicalistas, mas acho bem problemáticas essas ideias. Elas parecem ser pautadas num mundo muito mais abstrato e etéreo do que o nosso mundo parece ser de fato. Nesse sentido, falando mais dentro do reino da psicologia, ou adotamos logo uma perspectiva simbólica da mente (analogia software-hardware) ou abolimos de vez e colocamos no lugar algo mais "concreto", digamos.
Texto muito provocativo! Isso é ótimo!
ResponderExcluirPrimeiro gostaria de reforçar a crítica do Prof. Nivaldo sobre a Psicologia por aqui. Eu também sou estudante da área, e fico bem incomodado com várias das teorias. É uma verdadeira miscelânea de concepções em uma única teoria. Essa despreocupação com os aspectos básicos da pesquisa e dos conceitos fazem a área perder muita coisa. Eu percebo que às vezes, em aula, eu questiono certas coisas que os profs e alunos parecem nem entender onde quero chegar exatamente por essa falta de preocupação com os conceitos em seus níveis básicos. Claro, numa graduação em psicologia não pode-se abordar o mesmo conteúdo de uma disciplina de filosofia da mente, mas alguma coisa deve ter!
Às vezes eu vejo que os alunos se declaram implicitamente como fisicalistas, mas a concepção deles de mente é totalmente enviesada para o dualismo cartesiano, com a postulação de uma mente que parece só em teoria estar relacionada ao cérebro, mas na prática parecem todos dualistas.
O outro comentários diz respeito ao representacionismo. Acho que, de fato, ele nos salva de vários argumentos dualistas, mas mesmo assim o representacionismo me incomoda. Aliás, assim como essa coisa da intencionalidade de Searle. São teorias fisicalistas, mas acho bem problemáticas essas ideias. Elas parecem ser pautadas num mundo muito mais abstrato e etéreo do que o nosso mundo parece ser de fato. Nesse sentido, falando mais dentro do reino da psicologia, ou adotamos logo uma perspectiva simbólica da mente (analogia software-hardware) ou abolimos de vez e colocamos no lugar algo mais "concreto", digamos.