Antes de tratarmos diretamente dos pontos
fundamentais propostos por esse ensaio entendemos ser conveniente localizarmos
o leitor para que ele possa melhor compreender nosso trabalho. De modo geral a
atividade do filósofo da mente aqui é entendida como o trabalho que vai surgir
de modo mais específico a partir de 1950 com a obra de Gilbert Ryle, The Concept of Mind. O trabalho filosófico agora encontra um novo locus junto
aos avanços das neurociências, ciências computacionais e a psicologia
evolucionária. O inconteste avanço científico nestas áreas abre para o trabalho
filosófico um campo de trabalho extremamente importante.
Muito do que se apresenta nos comunicados científicos
acerca dos notáveis avanços na cura de doenças do Sistema Nervoso Central,
aplicação de Inteligência Artificial na tomada de decisões estratégicas de
negócios e guerra, auxílio aos operadores do direito no entendimento da
legalidade ou delito em diversos âmbitos, e, até mais recentemente, a
possibilidade do próprio fazer filosófico ser percebido como o resultado do
comportamento natural do cérebro, aparece agora, rotineiramente em
textos de teses variadas.
Nos últimos anos, a expressão pós-humano vem
ganhando força. Especulações que apontam para um mundo em que o ser humano
venha a ser refém do resultado de suas próprias criações. Outros apontam para
um mundo melhor, que é também resultado das inovações tecnológicas aplicadas na
melhora da qualidade de vida deste mesmo humano. Neste contexto, cada vez mais,
uma simbiose entre humanidade e artificialidade se dará, com a possibilidade de
um dia fundirem-se num só ente.
Entretanto, nossa preocupação aqui é justamente a
de demonstrar que a atividade filosófica entendida como o trabalho intelectual
sofisticado cujo foco é o refinamento, clareamento e análise dos argumentos das
diversas teorizações, venha a ser uma necessidade ímpar, para evitar
justamente o uso despreocupado de teses que leve o resultado do fazer
científico (no nosso caso específico) a comunicar seus feitos de modo
deveras falacioso e/ou superficial.
De modo mais direto, concordamos que nas últimas
décadas os feitos científicos alteraram o modo de vida dos seres humanos.
Entretanto, falar em um mundo pós-humano talvez ainda pertença muito mais ao
imaginário poético do que ao resultado dos artefatos tecnológicos e/ou de teses
e argumentos filosóficos. Acreditamos sim, que com o passar do tempo, os feitos
científicos conseguirão fazer cair por terra muito do que hoje é entendido como
mera fantasia. Mesmo assim, a expressão pós-humano em nosso
texto será utilizada sempre no sentido mais brando. No sentido de que as
inovações científicas cada vez mais pertencerão ao estilo de vida humano; mas não
no sentido de que estamos criando uma nova forma de vida. Pelo simples motivo
de que entendemos que o termo vida ainda é bastante confuso, e
que parece se adequar muito melhor ao mundo proteico do que ao artificial.
Outro termo muito caro em nosso discurso é o que
venha a ser artificial. Como não teremos espaço aqui suficiente
para tratar da diferença entre natural e artificial,
vamos, grosso modo, dizer que o artificial é todo elemento criado em que haja a
ação de inteligência sobre as composições dos elementos pertencentes à feitura
de um novo ente, e, que sem tal atividade cognitiva (no caso humana ou de
outros animais com cérebro suficientemente desenvolvido) tal novo elemento não
se faria existente.
É claro que isso não implica que a ação de
algo artificial não possa gerar uma cadeia de eventos naturais. Por exemplo,
temos artificialidade no procedimento de uma fecundação in vitro,
todavia, o desenvolvimento do embrião se dá de modo natural pelo fato de não
haver mais a intervenção do agente cujo aparato cognitivo esteja atuante nas
combinações entre os elementos diversos que formarão o novo ser.
De modo resumido este novo cenário é marcado por
questões como:
(i) Nesse
mundo pós-humano os seres humanos ainda existirão?
(ii) Terão
os humanos alguma justificativa para terem privilégios hierárquicos em relação
aos androides por eles outrora idealizados?
(iii) Haverá
uma ética pós-humana?
(iv) Existirá
vida inteligente em ambiente artificial?
(v) Será
possível demarcar as diferenças entre humanos e não-humanos
(ciborgues/humanoides)?
(vi) E,
em nosso caso aqui mais específico, o vocabulário mentalista nos moldes por nós
propostos - como termos úteis e econômicos - ainda terão como adaptar-se neste
novo mundo?
Texto
de Nivaldo Machado
Considerando essa uma matéria essencial nos âmbitos filosóficos
ResponderExcluirConsiderando (i), afirmo que haverá sim seres humanos no mundo pós-humano e que o que sobressair será um apêndice do ser humano. Sendo o pós-humano para corrigir ou sanar necessidades dos humanos.
(ii) Considerando que os androides serão criação dos humanos e que estes androides não conheçam ou consigam compreender ou saber as consequências de seus atos, então aquele que controlar será superior, evidentemente. E responsável pelas atitudes ou atos de androides...
(iii) Sendo que a vida pós-humana seja ainda um terreno incerto para firmar certezas... Mas isso é evidente, uma vida em sociedade deve ser pautada em normas, essas normas limitando os atos e resultando no bem comum da sociedade, todo ser que tem condição para responder por seus atos deve responder e conhecer a resposta para as atitudes. Sendo essa a ética.
Se me equivoquei em algum momento, peço amparo.
Giovane
ResponderExcluirEsse é um tema muito complicado e discuti-lo é o mesmo que andar em um campo minado, no qual são poucas as certezas de chão seguro a se pisar. "Afirmar" que haverá sim seres humanos em um mundo pós-humano é arriscado, primeiro temos que analisar em que ponto deixa de ser mundo humano para mundo pós-humano, como o texto mesmo fala "[...] falar em um mundo pós-humano talvez ainda pertença muito mais ao imaginário poético [...].", e são varias as especulações em torno do assunto, como foi citado no texto. Temos que levar em consideração que a espécie humana como todas as outras espécies existentes, também esta sujeito a extinção, pois como nos mostra a historia, cerca de 90% das espécies existentes desde a origem da vida foram extintas.
Dhyure,
ResponderExcluirConcordo com você quando dizes que a problemática seja encontrar o ponto de divisão entre humano e pós-humano.
Referente a segunda parte de sua argumentação,penso que poderemos sim ser extintos. Contudo, não creio que essa extinção se dará pelas mãos robóticas. Partindo do ponto que os humanos criam as máquinas, obviamente a criação de um mundo pós-humano está ligado diretamente a capacidade humana de criar uma forma de inteligência artificial, de forma que tais formas não sejam criadas a partir de uma geração espontânea.
Com isso, acho que podemos afirmar que caberia igualmente aos homens "configurar" essas inteligências dentro de padrões da neuroética, de modo que evitasse qualquer forma de autocriação ou embate frente a humanidade.
Falar sobre máquinas, inteligência artificial e mundo pós-humano me lembra muito as obras de Isaac Asimov. Penso nesse mundo pós-humano estabelecido por meio de padrões estabelecidos pela neuroética, que seriam, fazendo uma comparação com as obras de Isaac, uma espécie de três leis da robótica.
Sim Elizeu,
ResponderExcluirprovavelmente não seremos extintos pelas maquinas, porem não podemos atribuir isso ao fato de que tais seres dotados de inteligencia criados pelos homem, seriam feitos que certas limitações, porque dai, acho que você concordaria comigo, que não poderíamos considerar essa realidade em uma pós-humana, pois essa já é a realidade existente agora. Posso está errado, e peço que me corrijam se assim for necessário, mas passaremos a ter um mundo pós-humano, quando criarmos um ser totalmente artificial, com uma capacidade cognitiva "igual" a dos seres humanos, sendo capaz de criar, pensar por ele mesmo e duvidar, sendo dessa forma, tal individuo não poderia ser criado com certas limitações.
Uma coisa que já parece estar praticamente extinta neste mero mundo humano onde agora se escreve este blogue é a filosofia, ou o respeito por ela. Das perguntas feitas ao final do texto, talvez com exceção da (ii), nenhuma é filosófica! Isso porque só poderiam ser adequadamente respondidas pelos cientistas, não pelos filósofos! São perguntas meramente retóricas que temos de esperar o tempo passar para responder. Não há como saber agora a sua resposta. E caso esse tal "mundo pós-humano" no sentido em que se está usando o termo, nunca aparecer, nunca serão respondidas. O máximo que se pode fazer agora é dar palpites sobre suas respostas. Mas isso não é responder adequadamente uma pergunta. Palpites são apenas chutes, e qualquer um na rua está tão habilitado quanto os filósofos a darem palpites sobre tais questões, uma vez que não são filosóficas.
ResponderExcluirE vocês ficam aí parados, sem reclamar, fingindo que está se falando da mais alta filosofia que se faz hoje. Ou estão sendo enganados ou são muito tontos. Só não fiquem também chateados com quem lhes está tentando abrir os olhos!
Falando nisso, o que pensam que é uma pergunta filosófica?
ResponderExcluirHall,
ResponderExcluirCreio que você esteja errado quanto a sua critica. Filosofia é mais do que muitos pensam, não é apenas "ser ou não ser, eis a questão". Mas o intuito da discussão do texto não é de explicar o que é filosofia. Façamos o seguinte, já que dissestes que tais perguntas feitas não são de cunho filosófico, seria interessante que nos mostrasse quais perguntas deveriam ser feitas (filosoficamente) em relação ao assunto proposto no texto, e assim criando novos assuntos a serem discutidos.
"São perguntas meramente retóricas que temos de esperar o tempo passar para responder. Não há como saber agora a sua resposta."
ResponderExcluirTomando como base sua argumentação e principalmente o trecho acima, acredito que estejas equivocado em um ponto. O fato de não termos um mundo pós-humano ou qualquer coisa nesse sentido, não nos impede de tecer considerações sobre ele. Pois se fosse assim não teríamos muitas problemáticas na filosofia de maneira geral. Tomando como exemplo a problemática criada por Daniel Dennett em seu artigo "Onde estou eu". Então, se você acredita que o que Dennett, Dutra, Searle, Teixeira e tantos outros filósofos fazem são chutes e palpites, sinto muito, mas em minha opinião estais no caminho errado.
Elizeu,
ResponderExcluirAtualmente a literatura em geral está inundada de artigos falando da possibilidade de um mundo pós-humano. Eu sempre disse que sou declaradamente um defensor da aproximação dos feitos científicos do exercício filosófico. Entretanto, creio que o tratamento um pouco mais refinado do uso da expressão PÓS-HUMANO seja sempre conveniente....OK!
Particularmente adoro o texto do Dennett "Onde Estou Eu" (que fora traduzido pelo professor João Teixeira se eu não estiver enganado). Este texto aparentemente retórico abre problemas muito interessantes (sejam eles filosóficos, científicos...ou sei lá o que...). Note, grosso modo, não vejo problema algum em falar do mundo pós-humano. Mas, fico sempre preocupado quando esta expressão se torna elemento fundamental para entender um determinado assunto.
Fico preocupado pela questão de evitarmos cair na mesma vala comum que muitos escritos que versam sobre "Pós-Modernidade"! Isso é sério! Sinceramente prefiro a demarcação bem simples dos livros didáticos de história que não tem a preocupação central em terem que estabelecer com clareza argumentativa (no sentido lógico mais estrito) o final do período medieval do início da idade moderna.
Mas, para o trabalho em que leva como elemento central do discurso um mundo pós-humano. Neste caso, o tratamento mais sofisticado deve ser levado a sério (é claro que como já disse inúmeras vezes: aqui não é o lugar para isso).... mas sempre serve de alerta.
Um exemplo interessante é termos clareza do conceito de Humano, natural e artificial. Para depois podermos estabelecer da possibilidade ontológico e epistemológica de um mundo po´s-humano....
Vou dividir a respota em duas partes:
ResponderExcluir1) Dhyure
não tenho um estoque de perguntas filosóficas sobre o "mundo pós-humano", mas em geral tens de pensar em perguntas conceituais, que possam em princípio serem resolvidas apenas usando o raciocínio intenso, e que escapam às respostas que as diversas ciências especiais têm para nos dar. Um exemplo seria a seguinte:
1) Será moralmente permissível matar um robô pós-humano?
é uma pergunta filosófica porque não basta olhar para o modo como o mundo é ou poderia ser para respondê-la. É preciso argumentar filosoficamente para respondê-la.
outro exemplo seria:
2) É possível que os robôs pós-humanos sejam máquinas físicas (e assim terem seu comportamento determinado pelo passado e pelas leis da física) e ainda assim tenham livre-arbítrio?
é também uma pergunta filosófica porque pergunta pela possibilidade de compatibilizar o livre-arbítrio com o determinismo. É neste sentido, um caso particular de um problema filosófico mais geral relacionado ao livre-arbítrio.
Em geral, este tipo de perguntas que são filosóficas.
Perguntar somente "(i) Nesse mundo pós-humano os seres humanos ainda existirão?" não é fazer uma pergunta filosófica ainda, uma vez que a resposta a essa pergunta não envolve qualquer conceito filosófico. É algo que se responde olhando para o mundo e verificando se lá existem ou não seres humanos (mesmo aqueles seres humanos sem cérebro, ou mesmo sem qualquer das capacidades cognitivas que nos distinguem de muitos dos demais animais, pois tudo o que se pergunta é se haverão seres humanos, e não pessoas...)
Por fim, concordo com você quanto a filosofia ser mais do que muitas pessoas em geral pensam. Isso não quer dizer no entanto, que não haja um limite. A filosofia também não é, no outro lado, muito do que muitas pessoas pensam que é. Não é uma especulação vaga sobre um mundo pós-humano. Os filosofos podem com certeza se interessar por problemas filosóficos sobre o mundo pós-humano (seja lá o que isso for) e tentar respondê-los, mas isso é muito diferente de tratar de QUALQUER problema sobre tal assunto. Os exemplos que dei são de problemas filosóficos, e é em geral sobre estes que os filósofos trabalham pelo menos desde os tempos de Sócrates, Platão e Aristóteles.
2) Elizeu
Concordo com você de que podemos é claro falar sobre coisas que não existem ainda. Mas eu não estava falando das coisas em geral, mas sim do texto desta postagem. O que eu afirmei é que não podemos nos limitar a dar meros palpites sobre algo como "o mundo pós-humano" porque isso qualquer um na rua pode nos dar. Quando um filósofo vai falar sobre isso, tem de ter como base argumentos filosóficos, tratar de problemas filosóficos que o mundo pós-humano nos apresenta (como os exemplos que dei acima), etc. Como você bem notou, é isso que estes filósofos que citou fazem, trabalham com este tipo de coisa. Algo bem diferente do texto do blog.
Mas eu obviamente não estava falando do trabalho deste tipo de filósofo. Estava falando que sobre as perguntas (talvez com exceção da (ii) resumidas no final da postagem deste blog é que não podemos dar mais do que meros palpites. Isso fica evidente se você tentar respondê-las. Veja a primeira
"(i) Nesse mundo pós-humano os seres humanos ainda existirão?"
Como poderíamos responder tal pergunta? Olhando para o mundo pós-humano e marcando um V caso tenha neles seres humanos, e um F caso não tenha. E é só.
Mas agora vem o problema: ainda não estamos neste tal mundo pós-humano. Assim, é impossível agora dizer se há ou não seres humanos no mundo pós-humano (e qualquer resposta não passará de mero palpite, uma vez que quem der tal resposta não terá justificação para a resposta em questão, dado não ter acesso agora a tal mundo futuro).
Tente agora fazer o mesmo com as outras perguntas (menos a 2, que talvez seja mesmo uma pergunta filosófica) e veja porque não podemos dar mais do que palpites em suas respostas.
até mais,
Hall
Concordo com o Elizeu na parte em que ele cita “não creio que essa extinção se dará pelas mãos robóticas” . Penso eu, que pode até ocorrer a extinção do ser humano no futuro mas creio ainda que seja de alguma epidemia ou causa natural.
ResponderExcluirNão há como darmos certeza se existirá ou não humanos no futuro mundo pós-humano porém, em meu ponto de vista o ser humano continuará existindo , não consigo imaginar um momento em que as máquinas tomam conta do mundo sem que existam os humanos pois afinal, tudo que os robôs e as máquinas exercem ou fazem são fruto de uma programação feita por um humano, uma “máquina” não pode criar nada ate então , ela apenas reproduz algo que já foi criado, não tem o poder de criar algo novo.
Sendo esse um blog de filosofia da mente, como o autor faz questão de frisar logo no início do texto, não entendo em que toda essa discussão faz minimamente avançar no problema da natureza do pensamento. Essas questões não chegam nem ser problemas filosóficos genuínos, são meramente expeculações sobre um vir a ser que ninguem faz idéia do que é. É um exercicio de futurologia tecnológica e sociológica que não define nada, que não explica nada.
ResponderExcluirNão interessa alguem definir se isso é ou não filosofia, ou qual é o alcance da filosofia. O que interessa é o seguinte: a boa filosofia é aquela que oferece respostas, ou pelo menos, reapresenta um conjunto de questões em outros termos, de forma mais clara.
qual é este suposto problema da natureza do pensamento? poderia explicar? nunca ouvi falar dele em filosofia da mente.
ResponderExcluirOtomano
ResponderExcluirEste não é um blog de críticas, é para discussões de temas que tratamos em nosso grupo de pesquisa, caso você não esteja entendendo isto sinta-se a vontade a sair logo daqui!
Se decidires ficar favor discutir o assunto não sobre o blog em sí!
Uma questão, espero que seja filosófica o bastante para todos os gostos. Tenho uma leve tendencia materialista, logo creio que todas as emoções e os sentimentos são apenas sensações proporcionadas por reações químicas. partindo dessa ideia me surge uma questão, seres artificiais não possuem as características orgânicas que nos fazem ter emoções e etc. poderia um ser dotado de uma "mente" igual a dos seres humanos, porem sem "sentimentos" conviver em uma sociedade? o que os diferenciariam de um psicopata, pois poderiam simplesmente matar um ser humano, pois não teriam, por exemplo empatia.
ResponderExcluirPessoal,
ResponderExcluirVejo que as disputas em torno de questões filosóficas e questões empíricas ou científicas estão causando um certo desconforto nos debatedores. Mas a coisa é na verdade bastante simples de entender, e não deveria atrapalhar nossas discussões. Vou tentar resumir o mais importante:
1) Desde que surgir a ciência moderna, alguns problemas que antes eram tratados apenas pelos filósofos passaram a ocupar a agenda da ciência. São as chamadas questões de fato. Questões que só podem ser adequadamente respondidas através da observação, experimentação, mensuração, e do raciocínio intenso sobre estes dados coletados do mundo. Houve até quem afirmasse que a filosofia não tinha valor, uma vez que não dispunha destes métodos científicos de responder seus problemas. Felizmente, o tempo passou e se percebeu que a filosofia tem sim valor e que seus problemas são tão genuínos como os problemas científicos.
2) dado isso, os problemas de fato passaram a ocupar a agenda da ciência, e os problemas conceituais a ocupar a agenda da filosofia. (casos à parte: matemática. Não trata de questões de fato e ainda assim é o exemplo mais genuíno de ciência. Diferença: é uma ciência formal e não uma ciência empírica).
3) assim, para saber se um problema é ou não filosófico, tem de se perguntar: como se poderia responder adequadamente a este problema? Se a resposta for: olhando para o mundo e raciocinando sobre ele (como fazem as ciências empíricas), não é um problema filosófico. Se a resposta for: através dos métodos formais da matemática, também não é um problema filosófico. Se não for nenhum destes dois casos, então é um problema filosófico. Geralmente problemas filosóficos envolvem relações conceituais. Um exemplo para clarificar:
1) As pessoas têm livre arbítrio?
2) Será o livre arbítrio compatível com o determinismo?
1 não é um problema filosófico, mas 2 sim. (deixo como lição responder o porquê 1 não é e 2 é).
4) último e mais importante: não há nada de errado com os problemas não-filosóficos. Em muitos argumentos filosóficos aparecem premissas empíricas e é muito importante saber se são ou não verdadeiras. Acontece apenas que não são tipicamente os filósofos os especialistas mais aptos a estabelecer sua verdade/falsidade, mas sim os cientistas. Exemplo:
P1. Se a água é H20, então é necessariamente H2O.
P2. A água é H20.
C.: Portanto, a água é necessariamente H2O.
Neste caso, P2 é uma premissa empírica. Quem nós deveríamos chamar para respondê-la? Certamente um químico. P1 no entanto não pode ser adequadamente respondida por um químico. Quem tem de estabelecer sua verdade/falsidade é o filósofo. O ponto é que não há como olhar para o mundo e descobrir que é verdadeira. Por isso é uma questão filosófica, envolve relação conceitual, etc. Mas veja que, ainda que não seja filosófica, P2 é de extrema importância para o argumento. É óbvio que o filósofo tem de estar interessado na verdade de P2 afim de atingir a conclusão do argumento. Porém, é óbvio que o melhor especialista para estabelecer sua verdade é um químico.
O que vem acontecendo recentemente na filosofia da mente é que alguns filósofos estão se educando cientificamente. Estão dentro dos laboratórios, fazendo experiências, etc. E estão querendo que todos os filósofos façam isso, que a filosofia seja também experimental. Se estarão certos ou errados, é um problema à parte, mas tem de ficar claro que alguns problemas parecem que só podem ser respondidos através da argumentação filosófica, e quaisquer experiências científicas não são adequadas para respondê-los. Estes são os problemas tradicionais da filosofia. Por isso, mesmo que alguns problemas que estes filósofos experimentais estão tentando responder sejam de fato respondidos adequadamente por eles, não quer dizer que todos os problemas filosóficos terão o mesmo caminho.
Dhyure,
ResponderExcluirSeu comentário toca em alguns pontos interessantes. Porém, tens que tornar mais precisas as tuas ideias. Seu argumento pode ser resumido assim:
P1. Todas as emoções e sentimentos são sensações proporcionadas por reações químicas.
P2. Se um organismo tem emoções e sentimentos, então tem características orgânicas que produzem tais reações químicas.
P3. Mas robôs não tem tais características.
C.: Portanto, robôs não tem emoções e sentimentos.
Ao que parece, P1 é falsa. Um materialista não precisa defender que todas as emoções e sentimentos são produzidas por reações químicas. O que precisa defender é que são todas produzidas por processos puramente físicos. Neste caso, nada haveria de incompatível conceitualmente em pensar que robôs possam ter emoções e sentimentos. Uma questão adicional é saber se emoções e sentimentos são características exclusivas de seres biológicos, com cérebros, etc, ou também de robôs, que não possuem o mesmo tipo de estruturas biológicas. Isto está diretamente ligado com P2.
Esta segunda questão, no entanto, o materialista não precisa responder. Ela foi tradicionalmente deixada para os cientistas resolverem por se tratar de uma questão de fato, e não uma questão conceitual, como a primeira era.
Veja que esta questão é mais antiga do que parece, e muita gente pensa que emoções e sentimentos não são características exclusivas de seres biológicos. Muitos acreditam que Deus, anjos, almas, e outros seres deste tipo tem emoções e sentimentos. Se o materialismo estiver correto, estas pessoas estarão erradas. Porém, não é óbvio que o materialismo esteja correto. É preciso argumentar a seu favor.
Agora não entendi a ligação que você fez entre isso e a questão de saber se robôs sem sentimento poderiam conviver em sociedade. A primeira vista, seres sem sentimento podem conviver em sociedade, se "sociedade" não for equivalente a "sociedade humana". As abelhas são um ótimo exemplo. Não têm sentimentos nem emoções, mas convivem muito bem em uma sociedade organizada e hierarquizada. Mas veja que não há qualquer questão conceitual aqui. Trata-se apenas de conferir como os fatos são.
Uma questão conceitual levantada por sua pergunta, no entanto, é a de saber se é conceitualmente possível que exista um ser com uma mente igual a nossa mas sem sentimentos. A primeira vista, os sentimentos e emoções são uma parte crucial da nossa vida mental. Respoder a esta questão é diferente de responder a outra porque não podemos respondê-la apenas olhando para os fatos e raciocinando sobre eles. Mesmo que não existam tais seres aqui na Terra e nunca venham a existir, pode ainda ser possível que existam.
A sua última pergunta só pode ser também respondida adequadamente pelos psicólogos, neurocientistas, etc. Não há qualquer desafio conceitual nela.
O que eu acho interessante é que entre muitos cientistas e filósofos da mente é bastante comum tentar tratar o vocabulário como resultado do processo do desenvolvimento estrutural do cérebro. Neste caso, conceitos, por exemplo, podem vir a ser tratados de modo também científico (aqui falando de ciência no sentido bem experimental).
ResponderExcluirA mente enquanto mente, isto é, uma entidade que unifica percepções e representações de modo a criar uma imagem ou simulação geral do universo, pode ser tratada como objeto de estudo e investigação científica por si só.
ResponderExcluirExistem muitas áreas da física, por exemplo, que não precisam do conceito de átomo, e assim mesmo que átomos não existissem, estas áreas continuariam sendo úteis, predizendo corretamente o comportamento dos fenômenos sobre os quais se ocupa.
Assim, mesmo que o mundo tivesse tido uma outra história evolutiva, e que disso a estrutura de nossos cérebros fosse outra, ainda assim o conceito de mente continuaria intocado, com seu próprio conjunto de problemas e questões.
humm, é Nivaldo, concordo com você, só não acho que seja correto concluir que porque os cientistas tratam de conceitos filosóficos, estão tratando de problemas filosóficos relacionados a estes conceitos. E mesmo que estejam tratando de supostos problemas filosóficos, parece que se ele puder ser adequadamente respondido pelos cientistas, então não era de fato um problema filosófico.
ResponderExcluirPor exemplo, parece errado concluir que porque tratam do livre-arbítrio, os cientistas estão tentando responder aos problemas filosóficos relacionados ao livre-arbítrio. Podemos pensar nos exemplos da mente, consciência, etc.
Outra coisa bastante clara é que um mesmo objeto de estudos pode gerar problemas dos mais diversos tipos. O objeto de estudos "ser humano" é um bom exemplo. Suscita problemas biológicos, químicos, psicológicos, sociológicos, filosóficos, etc. É óbvio que por ser objeto de estudos de uma ciência empírica, não está excluído que seja também objeto de estudos de outra. Mas cada uma busca resolver os problemas para os quais está apta a resolver. Os biólogos não buscam responder problemas sociológicos, e nem vice-versa.
ResponderExcluirAssim, porque seria diferente com os problemas filosóficos? Se a filosofia não tem qualquer especificidade em relação às outras áreas do saber, porque estudá-la, ensiná-la e financiá-la?
Otomano,
ResponderExcluirCreio que a Filosofia não tem o intuito de ser somente geradora de respostas, mais importante do que isso é o seu dever de Reflexão sobre as problemáticas existentes e as próximas que estão a caminho sobre X objetos de estudos, estes, não exclusivos de um ciência empírica como mencionou o Eduardo. Através do tema abordado, o Mundo Pós-Humano, podemos ter uma clara ligação entre Neurociência e Filosofia para o debate acerca de tal.
Voltando ao tema proposto, creio que, (I) a perpetuação da humanidade poderá ser determinada pelo questionamento (iii)"Haverá uma ética no mundo pós humano?", NÃO deve-se limitar a apenas isso, SEM DÚVIDAS, há muitos outros fatores, mas acho muito interessante refletir sobre como será a relação entre a ética pós-humana e a ética social moderna.
O ser humano se adaptou durante diversas gerações para sua sobrevivência, dessa forma a criação de Humanóides é mais um nível estipulado a sua evolução, creio que resta a indagação do quanto estes serão humanos e do quanto serão Andróides. Sendo assim, creio que a forma como se dará a ética Pós-Humana, também será fundamental para determinar se os seres humanos terão privilégios advindos da sua posição Hierárquica.
Alan,
ResponderExcluircreio que, (I) a perpetuação da humanidade não poderá ser determinada pelo questionamento (iii)"Haverá uma ética no mundo pós humano?", NÃO deve-se limitar a apenas isso, SEM DÚVIDAS
há muitos outros fatores, mas não acho muito interessante refletir sobre como será a relação entre a ética pós-humana e a ética social moderna.
O ser humano se adaptou durante diversas gerações para sua sobrevivência, dessa forma a criação de Humanóides não é mais um nível estipulado a sua evolução, creio que não resta a indagação do quanto estes serão humanos e do quanto serão Andróides.
Percebeu? porque as suas ideias seriam mais plausíveis do que as minhas?
Acho que cabe então ao Otomano apresentar a sua idéias alternativas às que ele critica aqui. Estamos prontos a receber suas contribuições.
ResponderExcluirDevo ser muito tonto mesmo, ou então você está errado. Quem tem o ônus de defender suas idéias é quem as apresenta. Quem apresentou suas ideias foi o Alan, por isso ele que as tem de defender. O que critiquei foi que ele apenas apresentou as ideias, mas isso não basta, é preciso defendê-las, apresentar as razões por que ele pensa que são verdadeiras. E não seja hipócrita, que estou tentando fazer com que ele perca algum tempo pensando em tais razões, para depois colocá-las aqui e prosseguir a discussão.
ResponderExcluirNa realidade não há como minhas idéias serem mais pláusiveis do que as suas ou as suas do que as minhas, tendo em vista que temos uma linha de estudos diversificada, meu objetivo não era comparar para atribuir um valor a ambas, mas determinar que a Filosfia não busca somente respostas, mas cria questionamentos fundamentais. Creio que todas as idéias são possíveis pois são referentes a algo que virá e não a uma análise de um objeto de estudos já existente, seria errôneo da minha parte, determinar com convicção que você está certo ou errado a cerca das suas.
ResponderExcluirBom, a respeito dos argumentos requeridos. (i)A ética moderna, sobre a qual eu refleti, é código de Ética vigente atualmente que subdivide-se em ética profissional, etc, assim, este, ao ser criado teve grande influência da Moral, a qual ainda é característica exclusiva do Ser Humano, a diferenciação do certo e errado e as "normas" de conduta social antes de serem previstas são criadas através da experiência o qual nos leva a um paradigma social.
Advindo disto, eu ainda não tenho o referente conhecimento necessário para determinar com convicção, mas concordo com Dannett, ao classificar a Mente em alguns tipos, pensando dessa forma, refletimos se poderá atribuir mente a seres inanimados, o questionamento que trouxe é como estes seres, receberão a Ética Moral, a qual já foi estabelecida pela humanidade, creio que isso determinará o respeito ou não a posição Hierárquica do Ser Humano, como eu já disse, é incerto dizer que este é o ÚNICO fato determinante, pois estamos refletindo sobre algo que ainda não aconteceu, dessa forma creio que suas críticas para moldar uma possível explicação sejam bem vindas.
Otomano
ResponderExcluirNovamente vou voltar ao ponto. Se alguem critica alguma coisa, deve fazer isso de acordo com algum conjunto de parametros. se alguém se coloca na posição de dizer a outro se esta fazendo ou não uma boa argumentação, ou, "fazer com que alguem perca algum tempo pensando melhor", deve se considerar capaz de tal julgamento por algum motivo. Então Otomano, diga-nos, qual voce acha que é o melhor caminho para se avançar em toda essa discussão.
Minha sugestão é que se estude textos introdutórios da disciplina de ética, para compreender com rigor os principais problemas em causa e algumas das principais respostas a eles. Devemos estudar textos introdutórios de ética porque queremos compreender com precisão os problemas centrais da ética e se não os estudarmos, não os compreenderemos com precisão.
ResponderExcluirNão penso ser uma boa estratégia falar de ética pós-humana sem nem mesmo saber quais são os principais problemas com que a ética lida. É indispensável estudar textos introdutórios de ética porque queremos compreender melhor seus problemas centrais e suas respostas, e se queremos tal coisa, é indispensável estudar tais textos.
É claro que ler textos introdutórios de um assunto é sempre útil quando se vai discutir esse assunto. Mas mesmo desconsiderando o fato de que as pessoas que postam aqui provavelmente leram uma boa quantidade deles... e ai??? No que isso acrescenta à discussão? E os outros problemas envolvidos, como os de filosofia da mente? O que você tem a dizer sobre os problemas conceituais de que tratou o texto?
ResponderExcluirJá que pergunto, vou dar a minha opinião:
ResponderExcluirSobre a ética - a filosofia é uma ciência, e como tal, consiste na busca e formulação de leis universais. A universalidade de uma lei deve valer para qualquer local e qualquer tempo, o que no caso da ética seria uma lei aplicavel a qualquer população em qualquer período histórico. Assim, perguntar sobre uma ética nessa ou naquela conjuntura nao faz sentido se tivermos uma formulação das leis da ética universal o suficiente.
E depois, seja qual for o momento tecnológico em que a humanidade estiver, dentro do escopo da filosofia da mente, o centro de todos os problemas será sempre a consciência, e suas implicações cognitivas e metafísicas. O vocabulário mental sempre será dependente da existência de uma consciência para a qual as entidades mentais são instanciadas, e qual aspecto elas sao ou não consideradas.
Particularmente, sempre creio ser interessante lermos o que existe de melhor e mais sofisticado para termos clareza de todo e qualquer termo que venhamos a fazer uso deles. Também entendo ser muito interessante lermos obras introdutórias para auxiliar que está começando nesta atividade. Só tem um fator que nunca abro mão que é o critério da Virtuosidade Intelectual como critério metodológico da forma de proceder em qualquer tipo de trabalho. Ser virtuoso no sentido de proceder com seriedade e sempre objetivando a melhora dos argumentos e teses que serão atacadas e/ou sustentadas.
ResponderExcluirMas gosto muito da postura do Antônio que mesmo sendo importante e benéfico o que eu disse antes, é muito interessante utilizarmos uma forma de procedimento bem simples:
i) Apresentamos alguma tese acerca de qualquer coisa (no nosso caso questões gerais acerca da Filosofia da Mente e suas áreas afins);
ii) Deixemos o mais claro possível o entendimento dos termos que utilizamos em tais teses;
iii) Apresentamos em forma de argumentos (para os que já possuem tal qualificação) nossas defesas e ataques à tese proposta;
iv) Em não-(iii), creio que apresentarmos nossas opiniões o melhor elaboradas possíveis também sempre é uma ótima ideia;
v) Cuidar para não sair (pelo menos não muito) do foco central da tese/argumento;
vi) procedimentos científicos podem sim ser muito relevantes ao trabalho filosófico (essa é especial para irritar o Eduardo!kkkkk)
vii) Aos moldes cartesianos creio que fazer sucessivas revisões também não é uma má ideia;
viii) Mudar de opinião ante um argumento melhor apresentado é o principal elemento componente da Virtuosidade Intelectual.... isso faz fazer sentido nosso trabalho!!
;)
Professor Nivaldo
ResponderExcluirEste blog é excelente. Não é apenas um site acadêmico empolado como existem vários, e sim é um espaço para discussão, para o embate acalorado de idéias, e mesmo, para provocações. E acredito que isso é algo que motiva as pessoas e as faz se interessarem ainda mais pelos assuntos aqui discutidos.
Há muitos professores que sentam no trono de seu conhecimento, se achando "bons demais" para esse tipo de atividade - o debate franco -, mas a realidade é que eles não lidam bem com seu conhecimento sendo desafiado.
Pela iniciativa, Parabéns!
Caro Antônio.... pegues aí meu e-mail para que, se você desejar, fazer parte de nosso grupo de pesquisa já cadastrado na base de dados do CNPq: nivaldo@unidavi.edu.br
ResponderExcluirgrande abraço
Antonio,
ResponderExcluirque problemas conceituais de que você está falando? pelo que vi nos comentários, a crítica é justamente de que o texto carece de tais problemas.
Penso que essa é uma discussão complicada e que carece de muito mais especulações para se chegar a uma compreensão mais aprofundada, uma vez que a tecnologia num período curto de tempo vem trazendo inovações surpreendentes em razão de todas as pesquisas voltadas a mesma, e alcançando um patamar muitas vezes incompreensível aos olhos de pessoas leigas, inclusive me incluo nisso. Porém como os colegas Elizeu e Aline comentaram, “não creio que a extinção dos humanos se dará pelas mãos robóticas” acredito também que isso não é possível, pelo menos em uma realidade de tempo estimável por nós humanos, uma vez que é de certa forma infundado pensarmos que os humanos podem ser dominados por máquinas, que apesar de todas as inovações que passam constantemente, a uma coisa fundamental " elas fazem o que fazem devido a programação dos humanos, devido a ideias e criações dos humanos" o que mostra que estamos muito a frente delas no quesito "dominar". Assim sendo acredito que a extinção possa vir muito antes por causas naturais e por todos aspectos biológicos envolvidos.
ResponderExcluirExcelente o debate a respeito do mundo pós-humano! A tecnologia tem avançado muito nos últimos anos, e as vezes, até de forma assustadora. Essas tecnologias vem nos sendo extremamente eficientes, mas penso que vem nos tornando cada vez mais dependentes dela. A caminhada para um mundo pós-humano já iniciou, porém acredito que seja realmente necessário tentarmos ver quais realmente são nossos anseios com a utilização da tecnologia a nosso favor.
ResponderExcluirExcelente o debate a respeito do mundo pós-humano! A tecnologia tem avançado muito nos últimos anos, e as vezes, até de forma assustadora. Essas tecnologias vem nos sendo extremamente eficientes, mas penso que vem nos tornando cada vez mais dependentes dela. A caminhada para um mundo pós-humano já iniciou, porém acredito que seja realmente necessário tentarmos ver quais realmente são nossos anseios com a utilização da tecnologia a nosso favor.
ResponderExcluirmuito bom texto
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