3 de dezembro de 2013

Ceticismo Metodológico Cartesiano

Nivaldo Machado
Elizeu de Oliveira Santos Sobrinho

            Os epistemólogos, de maneira geral, têm uma séria preocupação quando se referem às formas de justificação do conhecimento. Justificar uma cognição é, conforme Dutra (2010, p. 60) “mais forte que explicá-la, o que, por sua vez, é ainda mais forte que descrevê-la.” Com a justificação, pretende-se mostrar que certos conhecimentos proposicionais podem ser aceitos desde que haja uma prévia aceitação de outras proposições.
            Nesse cenário, cria-se um divisor de águas entre duas doutrinas ou correntes epistemológicas: o fundacionismo (também chamado de fundacionalismo ou ainda fundamentalismo) e o falibilismo (abordagem que traz sérias semelhanças com o ceticismo).
            Enquanto o falibilismo “nega” que seja possível atribuir uma fundamentação sólida para o conhecimento, o fundacionalismo busca essa fundamentação (justificação) nas proposições ditas autoevidentes. O fundacionalismo divide-se ainda em duas outras posições: o fundacionalismo material e o formal. Não se adentrará detalhadamente nessas duas posições. Contudo, uma leitura mais cuidadosa sobre as duas é deveras interessante.
            Um dos principais representantes da doutrina fundacionalista é o racionalista francês René Descartes. Dentro da posição fundacionalista, Descartes busca encontrar uma primeira proposição autoevidente e, utilizando um rigoroso método de investigação, derivar dessa primeira proposição outras tantas quantas forem necessárias para fundamentar todo o saber humano.
            Para isso, Descartes utiliza um método que ficou conhecido como ceticismo metodológico. Como o próprio nome sugere, o ceticismo metodológico indica que a dúvida, guiada por um constante e árduo uso da razão (método), proporcionaria ao indivíduo firmar certezas e verdades. O ceticismo se faz presente nas duas principais obras do autor: O Discurso do Método e Meditações Metafísicas. Nas referidas obras Descartes dedica-se a apresentar seu método de procedimento investigatório pautado em uma atitude cética.
            Em sua primeira meditação Descartes assume essa atitude cética e passa a colocar todas as suas opiniões e a existência de todas as coisas em dúvida. Sua argumentação nessa meditação é conhecida como “dúvida hiperbólica” (Dutra, 2010, p.91) devido à radicalização da argumentação cartesiana ao elencar a hipótese do gênio maligno. Esse gênio maligno, que existiria no lugar de um Deus - que é a suprema fonte da verdade - utiliza de toda a sua astúcia para iludir os homens e confundir-lhes a razão, fazendo-os acreditar em tudo aquilo que ele (o suposto gênio maligno) deseja.
Essa primeira parte é fortemente marcada por uma posição cética em relação ao conhecimento, opiniões e crenças humanas. Contudo, a partir da segunda meditação Descartes começa a elencar certas verdades, consideradas por ele como indubitáveis e inabaláveis. Por meio de sua segunda meditação, Descartes inicia a refutação de todas as dúvidas e motivos de descrença levantadas na primeira meditação. É na segunda meditação que o autor chega à primeira proposição autoevidente: “penso, logo existo”. Esse é o famoso cogito cartesiano, responsável pelo início da parte construtiva das meditações de Descartes.
            Ao lado desse ceticismo, Descartes elenca quatro princípios para evitar qualquer tipo de vício no decorrer de suas investigações, a saber:

O primeiro era o de nunca aceitar algo como verdadeiro que eu não conhecesse claramente como tal; ou seja, de evitar cuidadosamente a pressa e a prevenção, e de nada fazer constar de meus juízos que não se apresentasse tão clara e distintamente a meu espírito que eu não tivesse motivo algum de duvidar dele. O segundo, o de repartir cada uma das dificuldades que eu analisasse em tantas parcelas quantas fossem possíveis e necessárias a fim de melhor soluciona-las. O terceiro, o de conduzir por ordem meus pensamentos, iniciando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para elevar-me, pouco a pouco, como galgando degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e presumindo até mesmo uma ordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros. E o último, o de efetuar em toda parte relações metódicas tão completas e revisões tão gerais as quais eu tivesse certeza de nada omitir (Descartes, 1999, p. 51).

            Descartes estabeleceu esses quatro princípios com o intuito de evitar qualquer forma de erro em suas investigações, o que caracteriza o seu tipo de ceticismo como um método investigativo. O ceticismo metodológico está presente na filosofia cartesiana, pois auxilia Descartes a proceder de forma cautelosa e coerente. Para se ter tal certeza basta levar em conta o primeiro princípio cartesiano, para o qual nunca deve-se aceitar algo como verdadeiro sem o claro conhecimento de tal atributo.
            Já em seu terceiro princípio, pode-se perceber que Descartes se apoia no encontro de uma primeira premissa (que foi encontrada graças ao procedimento dubitativo) para então conduzir sua maneira de pensar e derivar de tal premissa outros conhecimentos mais complexos.
            Apesar de severamente criticado, o ceticismo mostra-se como uma importante ferramenta dentro da filosofia cartesiana (e dentro de muitas outras áreas da filosofia também). O ceticismo presente nas obras de Descartes proporcionou a continuação e a ampliação dos constructos do filósofo fundacionalista, bem como legou uma interessante visão sobre como utilizar o ceticismo para encontrar e fundamentar uma nova teoria do conhecimento.

Referências

DESCARTES, René. Discurso do Método (Col. Os Pensadores). São Paulo: Abril, 1999.

DUTRA, Luiz Henrique de Araújo. Introdução à epistemologia. São Paulo: UNESP, 2010.

18 comentários:

  1. De uma forma ou de outra parece que o enterro do pensamento cartesiano nunca é totalmente bem sucedido! Ele ressurge ao longo de praticamente toda a história da filosofia e da ciência que se dão posteriormente ao seu nascimento.
    Para nós, pesquisadores em filosofia da mente e áreas afins, Descartes é também um marco fundamental. Seu dualismo substancial é um dos marcos fundamentais e que perpassam praticamente todas as discussões da Filosofia da Mente. A existência da RES COGITANS e da RES EXTENSA vão se tornar elementos axiais nas discussões sobre menteXcérebro!

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  2. Texto muito bem escrito. Parabéns aos autores!

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  3. Texto muito bem escrito. Parabéns aos autores!

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  4. Gostaria de Iniciar meu comentário com uma célebre mensagen de um nobre Homen.

    " O mistério da vida me causa a mais forte emoção. É o sentimento que suscita a beleza e a verdade, cria a arte e a ciência. Se alguém não conhece esta sensação ou não pode mais experimentar espanto ou surpresa, já é um morto-vivo e seus olhos se cegaram". Albert Einstein.


    COMO JULGAR UM HOMEM? De acordo com uma única regra determino o autêntico valor de um homem: em que grau e com que finalidade o homem se libertou de seu Eu, Albert Einstein. Neste trecho citado por Einstein, me reporto a parecer-me muito peculiar uma Obra originária de nacionalidade Brasileira, com o seguinte título : Muito Além do nosso eu, de Miguel nicolelis. Dois Grandes Homens, usando um mesmo Termo para designar a curva final da reta do conhecimento.

    Cada época e cada geração elaboram sua maneira de pensar, transmitem-na e constituem, assim, as marcas características de uma comunidade. Por isto cada um deve participar na elaboração do espírito de seu tempo.
    Iniciando assim é que apresento o meu comentário. Encontramo-nos aqui, pela regência do Pesquisador Nivaldo Machado, neste dificílimo Post de estudos do Elizeu de Oliveira Santos Sobrinho, para opinarmos sobre um dos maiores nomes da história, Descartes.

    Eu Edson Stofela, também acredito que o ceticismo presente nas obras de Descartes proporcionou a continuação e a ampliação dos constructos do filósofo fundacionalista, bem como legou uma interessante visão sobre como utilizar o ceticismo para encontrar e fundamentar uma nova teoria do conhecimento.

    Mas quando citarei aqui que : Descartes não aceitava a indivisibilidade atômica e o espaço vazio. Contrariamente, para Newton a matéria tinha uma parte última e havia espaços vazios entre as partes. De acordo com Newton, o mundo não era, nem poderia ser plenum como queria Descartes. A esta parte última, Newton chamou de corpúsculo, um corpo minúsculo, rígido e indivisível.

    Não tenho eu Edson Stofela, o direito de mérito algum a desmerecer a qualidade de Descartes, porque é dele que Newton se abastece para completar e formular sua obra prima. Quando damos continuidade as pesquisas, estamos sempre escolhendo um autor para ampliar o universo das descobertas, e acrescentar algo a mais que este autor não mencionou.

    A Idade da Revolução Científca, é marcada por este Homen, Descartes, mas como questioná-lo em relação a Newton?
    Eu não poderia desmerece-lo, Gostaria de compreender mais sobre o ponto de vista de Descartes na sua negação da indivissibilidade atômica.


    Edson Stofela.

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  5. Nivaldo,

    Concordo plenamente com o teu comentário, o enterro do pensamento de Descartes é uma tarefa que dificilmente será bem sucedida. As contribuições de Descartes, seja na epistemologia, na filosofia da mente, na matemática, física e várias outras áreas são a prova de sua genialidade. E, como escreveu Dutra em uma curta dedicação num livro: “Descartes é um excelente filósofo, indispensável mesmo.”

    Rafa,

    Grato pelos elogios seus elogios. Vindos de alguém com a sua capacidade de argumentação e redação são extremamente significantes.

    Edson,

    Confesso que as teorias de Descartes dentro do âmbito da física, mais precisamente em relação a indivisibilidade atômica, é ainda um campo de estudos desconhecido para mim. Contudo, se me permitires, estudarei dentro em breve essa concepção de Descartes e poderei responder teu comentário a altura que ele merece.

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  6. Claro, Elizeu. Eu compreendo. São muitíssimos os assuntos que ampliam este tema. Eu também estou me esforçando para desvendar mais, sobre o pensamento deste Homen.

    Edson Stofela

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  7. Meus amigos, no início do ano que vem estarei lançando a segunda edição (revisada e ampliada) do livro ENTRE O FILÓSOFO E O CIENTISTA: PODERÁ UMA MÁQUINA SENTIR SAUDADE? - Nesta obra tanto eu quanto nosso amigo Gustavo Leal- Toledo discutimos a partir da Filosofia da Mente em diversas passagens os problemas causados por Descartes.... creio que talvez possa contribuir um pouco!

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Nem tudo é conhecimento. Apenas crenças verdadeiras justificadas é que são. Livros, por exemplo, não são conhecimento. :)

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  10. Ok, Agripa, correção efetuada.
    Obrigada pela atenção. :-) .

    Maravilha. Estou fazendo parte com vocês de um momento impar no Brasil ; com assuntos desta magnitude.



    Os memes, desta, UNIDADE AUTÔNOMA, terá nessas passagens de vocês, os problemas causados por Descartes, e é claro que irá contribuir sim, Nivaldo.

    Esta parte Auntônoma, é uma elevada questão de meu interrese porque se torna assunto respectivo e próximo da dupla hélice, onde Hatson e Criek, observavam a química da "coisa" o : fosfato ligado a um açúcar (a desoxirribose). Alfredo Domingues Barbosa Migliore, também refere-se a este termo “ autônomo", em sua tese apresentada a USP para o título de Doutor em Direito.

    Edson Stofela

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  11. Agripa,

    Cuidado ao afirmar que crenças verdadeiras e justificadas são fontes de conhecimento.

    A concepção tradicional do conhecimento - crença verdadeira e justificada - sustentada desde de Platão (mais precisamente em sua obra Teeteto), foi severamente abalada pelo artigo de apenas três páginas da autoria de Edmund Gettier, "Is Justified True Belief Knowledge?".

    Em linhas gerais, Gettier afirma que "em determinados casos de crença verdadeira e justificada - casos nos quais preenchemos todos os requisitos da concepção tradicional -, não diríamos que estamos diante de casos de conhecimento, em vez de mera crença ou opinião."¹

    Sugiro a leitura do artigo, os "ataques" de Gettier são deveras interessantes.


    ¹ DUTRA, Luiz Henrique de Araújo. Introdução à epistemologia. São Paulo:Unesp, 2010.

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  12. Meus Amigos,

    O professor do curso de Filosofia da UFSC, Alexandre Meyer Luz, tem um excelente trabalho acerca do Problema de Gettier!

    Certamente é um dos ataques mais simples (não simplório!!!) que já vi em relação a definição Tri-Partite de Platão. Todavia, sempre digo que a proposta de Platão ainda é muito interessante e pode ser também muito útil em nossos trabalhos!

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  13. Elizeu, Agripa e colegas,

    O que vocês acham de tratar habilidades motoras como "conhecimento"? No sentido de que um jogador de futebol CONHECE o drible e o chute preciso...

    Minha questão é sobre a necessidade de o conhecimento ser composto por "comportamento verbal", ou seja, de "conhecer" significar fazer uma descrição verbal justificada sobre alguma coisa do mundo. Se adotarmos uma definição mais ou menos assim, parece que deixaríamos de lado o "conhecimento motor" e alguns tipos de "conhecimento mnemônico" (p. ex., saber como é o rosto do Papa Francisco). Ou isso não seria conhecimento, afinal?

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  14. Elizeu e demais debatedores,
    vocês estão certos, não se pode considerar óbvio, graças aos contra exemplos de tipo-Gettier que toda crença verdadeira justificada seja conhecimento, ou seja, CVJ não parece ser condição suficiente para o conhecimento proposicional. Não considerei aqui esses contra-exemplos porque estava tentando enfatizar outro aspecto. CVJ, ainda que não seja condição suficiente para o conhecimento proposicional, é, ao que tudo indica, condição necessária para ele. Isso é, dado o conjunto de todas as proposições conhecidas, não há nem uma que não seja CVJ. Assim, nem tudo é conhecimento, mas tudo o que é conhecimento proposicional é também CVJ.

    Sobre o "conhecimento motor", nada mais é, ao que me parece, o tradicional conhecimento por habilidade, o conforme a tradicional distinção entre tipos de conhecimento. Casos como "João sabe driblar" e "João sabe andar de bicicleta" são exemplos de conhecimento por habilidade.
    Além deste tipo, há o já mencionado conhecimento proposicional, o "saber que ....", e o conhecimento por familiaridade, que é o conhecimento que temos de cidades, pessoas, etc, por experiência direta, ou contato, como dizia Russell. Exemplos são "João conhece Veneza", e "João conhece Maria".

    Na verdade, sou cético e defendo que ninguém sabe nada!

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  15. Daniel,

    Primeiramente, escusas pela demora em responder teu comentário. Como um grande pesquisador e psicólogo, as habilidades cognitivas/comportamentais dos indivíduos não poderiam passar despercebidas por você. Acredito que uma abordagem nesse sentido tende a se aproximar daquilo que Paul Churchland, em sua obra Matéria e Consciência:uma introdução contemporânea à filosofia da mente,vai denominar de “Behaviorismo Filosófico”. Ao tratar do behaviorismo filosófico Churchland está se referindo a uma das várias e possíveis teorias referentes ao problema ontológico mente-corpo. Entretanto, apesar de não ser uma teoria epistemológica propriamente dita, a noção do behaviorismo filosófico está severamente ligada a um possível avanço dentro da teoria do conhecimento e, consequentemente ligada à indagação feita por você no final do comentário. Essa teoria traz como uma de suas principais bases que o que conhecemos como estados mentais/mente são na verdade tendências e disposições do comportamento de um determinado indivíduo. Assim sendo, nossos pensamentos, crenças, sentimentos e desejos seriam pré-disposições comportamentais, assim como o fato de um jogador saber o drible x ou a força y necessária para z chute. Desse modo, dentro do behaviorismo filosófico, pode-se perceber que o fato do jogador saber o drible x está diretamente ligado a sua prévia disposição comportamental.
    Em minha explanação fugi um pouco da epistemologia e me enveredei por caminhos da filosofia da mente. Contudo, creio que tais áreas não podem ser estudadas ou enfrentadas individualmente, pelo contrário, questões do âmbito da filosofia da mente estão diretamente ligadas à questões epistemológicas. O que tentei deixar claro é que, em minha opinião, se a teoria behaviorista estiver correta, poderemos então dizer que nosso conhecimento estará diretamente ligado às noções comportamentais e de condutas individuais.
    Confesso que não me sinto muito confortável discutindo o behaviorismo com um psicólogo do seu calibre. UAHSUASAUHSUAHSUAHUH
    Se eu estiver falando/escrevendo besteiras favor me corrija.

    Agripa,

    De primeiro momento concordo com sua afirmação de que a definição clássica do conhecimento seja uma condição necessária para um dado conhecimento proposicional. Aproveito para lhe agradecer por ter trazido Russell para o debate.
    Quanto a última linha do seu comentário, acho plenamente razoável e racional a adoção da postura cética. Porém, por vezes me parece que a posição cética é uma das “fáceis” de serem adotadas. O cético duvida e ponto. Dessa forma, acho que a posição cética merece um pouco mais do que um simples ponto de indagação. Por tal motivo, acho que Descartes acerta ao usar o ceticismo em seus constructos, pois ele não o faz de maneira pirrônica clássica, ele a utiliza para poder consolidar e expandir sua argumentação. As máximas socráticas “conhece-te a ti mesmo” e “só sei que nada sei” são outros exemplos clássicos para ilustrar uma melhor forma de ceticismo. O trabalho de Descartes baseia-se em diversos momentos em uma postura cética, contudo, ele não é tratado como um filósofo cético pois seu objetivo não era a negatória ou a constante indagação, seu objetivo era o de estabelecer algo de indelével nas ciências e ele fez isso recorrendo-se por diversas vezes ao ceticismo.
    Por isso, acredito que o ceticismo, se usado de forma isolada não parece ser a melhor alternativa para enfrentar os passar horas a fio discutindo e debatendo sua existência, quantidade, qualidade, necessidade e etc. Para encerrar, trago uma pequena citação de Kant que já foi por mim utilizada em outras ocasiões neste mesmo blog.

    ”O ceticismo é um lugar para o descanso da razão humana. Onde se pode refletir sobre desvios dogmáticos. Mas não é lugar correto para se viver permanentemente.”

    Abraços..

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  16. A última linha era uma piada.

    Céticos genuínos não defendem posição alguma, uma vez que, para para cada declaração de conhecimento que alguém faz, o cético coloca-a em questão (cf. Trilema de Agripa). Neste caso, um cético que defende algo, e.g. que ninguém sabe coisa alguma, está indo contra sua própria prática teórica. Céticos qualificados (mitigados, metodológicos, etc) são varições que não são relevantes para a piada porque não fiz qualquer tipo de qualificação quanto a que tipo de cético eu sou.

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  17. Daniel F. Gontijo, achei incrível seu comentário sobre habilidades motoras no tratamento do conhecimento, escrevi sobre isto porque o futebol é a “bola do momento”, em vários sentidos, e com certeza você tem muito para transmitir a nós, aqui.
    Parabéns pelo comentário.

    Curiosamente o algorítmo computacional da ICM ( interface cérebro Maquina), testado com a ¹Belle e a Aurora, funcionou perfeitamente quando alimentado com dados neurofisiológicos obtidos dos cérebros dos 11 pacientes testados por um procedimento neurocirúrgico para tratar a doença de Parkinson, ( Moléstia degenerativa decorrente da morte de neurônios subcorticais, contendo dopamina, um neurotransmissor vital para o controle das funções motoras, como movimentos voluntários ), através um processo autorizado pelo comitê de ética médica da universidade de Duke, em Durham, produziram condições muito parecidas em tempo real nos testes com a queridíssima Idoya.
    Essa atividade elética capturada, registrada e calculada para reduzir os efeitos dos sintomas de Parkinson, não só nos faz recordar que o S.N.A ( sistema nervoso autônomo), nescessitará de correções ao longo da etapa desta doença, quanto a possibildade de alteração dos três parametros físicos fundamentais na geração de qualquer comportamento motor também já é possível.
    Nesta atual época os conhecimentos estão se adaptando as pesquisas da tecnologia e da medicina. Utilizar a dupla hélice para reconhecer “ mutações" do gene através de testes moleculares já permite se observar uma significativa amostra de como o sistema motor é influenciado nas danificações de seus alelos.
    Então o mapa das incorreções ao londo da dupla hélice está certamente marcado em nossa função motora determinando se aquele drible será executado por uma veste robótica ou pelo nosso Rei do futebol, Pelé.

    ¹- Primatas do laboratório de pesquisa de Durham, Carolina do norte.

    Edson Stofela

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  18. Prezado Elizeu,

    Sinta-se à vontade para discutir sobre o behaviorismo comigo. Somos eternos aprendizes, e felizes são aqueles que se sentem livres para e são habilidosos ao debater com os colegas.

    E veja só: eu não sei se estou bastante familiarizado com o "behaviorismo filosófico" discutido pelo Churchland. Se o que ele quis dizer por "disposição" se refere à noção de "probabilidade de resposta", ou até mesmo à de uma "preparação para responder", receio, como parece ter sido indicado por Place (1956), que tal conceito não alcança um sentido de grande importância para a filosofia da mente, qual seja, o de um indivíduo ter a EXPERIÊNCIA do conhecimento.

    Aparentemente, a noção de disposição é útil quando queremos operacionalizar alguns conceitos escorregadios. Por exemplo, um professor pode usar o termo disposicional "inteligente" para rotular um aluno que frequentemente dá respostas adequadas às perguntas feitas em sala de aula. Nesse sentido, a prevalência de respostas corretas a certos tipos de pergunta seria um critério para se definir alguém como inteligente. Isso elimina um pouco as dificuldades de falarmos de e postularmos faculdades e processos encobertos, PRIVADOS, invisíveis ao olho nu, mas não necessariamente descarta a existência dessas faculdades e processos.

    Voltando ao caso do conhecimento motor, parece-me mesmo sustentável defendê-lo a partir desses critérios disposicionais. Pelé, mais do que Neymar e talvez menos do que Messi, teria portanto um exímio conhecimento prático do futebol, uma vez que ele frequentemente driblava, trocava passes e chutava ao gol com notável eficácia. (O que acha, Edson?)

    William Baum (2006), em seu "Compreender o behaviorismo", vê um valor prático na famosa dicotomia "saber como" e "saber sobre" (à qual Agripa fez referência), defendendo um ponto de vista razoavelmente similar ao que eu expus aí em cima. Se essa separação foi aceitável, o caso parece ser o de a filosofia dar muito mais ênfase ao "saber sobre": este tipo de conhecimento que aqui articulamos e que pode ser expresso pelas palavras.

    Abraços!

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