Texto de Nivaldo Machado
Primeiramente gostaria de deixar claro que este breve texto
tem por escopo primeiro de propiciar o início de uma discussão eminentemente
interdisciplinar. Cientistas, filósofos profissionais e interessados pela
temática são todos nossos convidados!
Lembro quando Chomsky apontava para o fato de que nossa
ignorância poderia ser separada em dois níveis: os mistérios e os problemas.
Creio que ele tenha muita razão ao apontar nesta direção, principalmente se o
caso envolver as relações mente-cérebro, e, em nosso caso aqui mais pontual,
mente-cérebro e estética.
Certamente ainda temos muitos mistérios envoltos nos temas
das neurociências e, possivelmente ainda mais, na estética. Entretanto, como é
de agrado principalmente dos filósofos, alguns problemas também já possuem boas formulações e bons argumentos para
apresentá-los ao tribunal da razão.
Deixemos claro desde o início que entendemos, grosso modo, a
Neurofilosofia como uma abordagem que aproxima umbilicalmente os trabalhos das
Neurociências com a Filosofia da Mente. E que a Estética é uma área da
Filosofia que se preocupa em estabelecer uma reflexão criteriosa acerca do
Problema do Belo.
Podemos dizer que tanto as relações corpo-mente e a tentativa
de explicar a beleza já se apresentem desde autores de longínquas eras. Sem
embargo, é nos dias atuais que, com o advento de uma ciência cujos aparatos
tecnológicos se tornam elementos de real necessidade de consideração nos mais
diversos âmbitos de investigação, as relações mental-cerebral e o entendimento
da beleza ganham também novos contornos.
O que é a beleza? Podemos ainda aceitar o clássico
pressuposto “o belo está nos olhos de
quem vê!”, ambientes artificiais poderão criar, reproduzir, simular a
beleza; existirá arte em artefatos criados por robôs? Robôs poderão perceber o
belo? Hierarquização de graus de beleza encontra alguma justificação? Alterações
cerebrais provocariam alterações estéticas? Como a mente e o cérebro se
portariam em relação à percepção e/ou criação do belo?
Esses são apenas alguns Problemas que parecem ainda possuir
alto grau de mistério, mas, em muitos casos creio que possamos elaborar “apostas razoáveis” para tentar
justificar do melhor modo possível tais Problemas-Mistérios.